Recentemente houve uma excelente cobertura da mídia sobre nosso programa de conservação (conhecido localmente como PCSS) com 3 artigos on-line e um no jornal Tribuna de Petrópolis sobre as pesquisas em curso e ameaças ao saguis-da-serra-escuro (C. aurita), e também um merecido holofote para Alessandro Antunes, que atua intensamente no engajamento em educação ambiental.
ONG ORGANIZA ESFORÇO PARA PROTEGER ESPÉCIE DE MICO EM RISCO DE EXTINÇÃO
A presença dos micos e saguis tem se tornado cada dia mais frequente na cidade. Apesar dos petropolitanos estarem habituados a vê-los nos muros das casas, e até passeando na fiação dos postes, os saguis-de-tufo-branco (Callithrix jacchus) não são naturais dessa região, nem mesmo os saguis-de-tufo-preto (Callithrix penicillata), que costumam ser vistos nos jardins do Museu Imperial, são daqui. A única espécie de sagui natural da Região Serrana infelizmente está ameaçada, o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita).
Uma força tarefa tem sido formada para tentar preservar esta espécie e protegê-la da ameaça de extinção. Um grupo de pesquisadores do Programa de Conservação dos Saguis-da-serra (PCSS) está realizando um trabalho de mapeamento e coleta de dados de identificação do habitat e da distribuição da espécie nas matas da Região Serrana do estado.
Os auritas são primatas nativos da Mata Atlântica do Sudeste e vivem nas regiões montanhosas do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. O pesquisador Rodrigo Salles de Carvalho explicou que a ameaça de extinção dos saguis acontece devido à enorme perda de seu habitat natural, a Mata Atlântica, e por causa das espécies de saguis invasores que vêm de regiões do nordeste e centro-oeste. Por não se adaptarem ao convívio com os seres humanos, eles acabam perdendo a pouca chance que têm.
O PCSS é coordenado pela ONG Programa de Educação Ambiental (PREA) e faz parte novo Plano de Ação Nacional dos Primatas da Mata Atlântica e da Preguiça-de-coleira (PAN-PPMA) lançado em 2018 pelo Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O programa tem como foco a conservação de duas espécies de saguis ameaçados, o sagui da serra escuro (Callithrix aurita) e o sagui-da-serra (Callithrix flaviceps) que são naturais no Espírito Santo.
O grupo de pesquisadores iniciou o mapeamento há cerca de seis anos no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO). Os pesquisadores observaram que, com a chegada dos saguis de tufo branco e dos saguis de tufo preto, o número de saguis nativos diminuiu significativamente, “Esses animais vêm de outros locais se reproduzem sem controle e mexem com o ecossistema local. Se alimentam de ovos de passarinhos e têm hábitos que prejudicam também outras espécies”, alertou o pesquisador. Nesta etapa da pesquisa foram identificadas famílias de saguis no PARNASO, na Reserva Biológica de Araras, e na Reserva Biológica do Tinguá.
O objetivo deste mapeamento é criar políticas públicas que ajudem a preservar a espécie, como por exemplo a criação de reservas de proteção e centros de conservação da espécie. Nova Friburgo, um dos primeiros locais a receber os pesquisadores, deu um passo importante como resultado deste trabalho, em agosto de 2017 foi criado um decreto que declara o sagui da serra escuro (Callithrix aurita) patrimônio da biodiversidade da cidade de Nova Friburgo, além de determinar medidas de educação ambiental, ações de promoção da preservação da espécie.
A ONG PREA mantém um trabalho de educação ambiental coordenado pelo PCSS em Petrópolis. São realizadas palestras dinâmicas, brincadeiras, teatro, entre outras atividades pedagógicas, com o intuito de levar para as crianças e jovens, lições sobre o respeito e a preservação do meio ambiente.
“Através de jogos e outros materiais educativos, os estudantes passam a conhecer a espécie e aprendem como preservar o ecossistema. A partir das crianças e dos jovens tentamos fazer uma mobilização social em favor da preservação da espécie ameaçada”, destacou Alessandro Antunes, coordenador da educação ambiental do PREA. Em Petrópolis, alunos do primeiro ao quinto ano do Colégio Aplicação da Universidade Católica foram os primeiros a participar das atividades do projeto, contudo a iniciativa está apenas começando e precisa de apoio financeiro para ter continuidade.
A pesquisa tem sido patrocinada pelas instituições francesas Beauval Nature e Associação Francesa dos Parques Zoológicos e, além dos membros do PREA, pesquisadores do PCSS da Universidade Federal de Viçosa estão participando da pesquisa.
“O sagui não é um projeto da ONG, o sagui é de todos nós. A extinção de espécies deteriora o ecossistema de todo mundo. A educação ambiental é fundamental para mobilizar a sociedade civil para a preservação das espécies”, completou Alessandro.
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